Zara

quinta-feira, 18 de junho de 2009
Zara.

Este post é para ti.

Faz hoje um ano que nos deixaste, e para trás ficou um enorme vazio que nunca voltará a ser preenchido. Chegaste a nós, pequenina, com não mais de 3 meses, numa noite de Novembro de 2006. Provavelmente vieste no motor do carro, não se sabe como não te magoaste. Só demos conta no dia seguinte, quando o meu pai ia a sair para trabalhar e ouviu miar na garagem. A minha mãe foi imediatamente buscar-te... tinhas feito um cocózinho no chão, e assim que te viste no colo não paraste de fazer ronrom. Vinhas suja de óleo e pó, e cheia de pulgas, e a minha mãe deu-te dois banhos de água morna, e tu nunca paraste de ronronar. Querias comer este mundo e o outro, e tivemos de te refrear para não comeres até rebentar. Eu já estava no ISEL quando me ligaram a dizer o que tinha acontecido, e fiquei radiante, apesar de ainda não saber se íamos ficar contigo. Mas pelos vistos a tua magia era tão grande que nem sequer foi preciso convencer o meu pai. Nessa primeira noite, quiseste dormir com a minha mãe, e exigiste estar sempre virada para ela... se calhar tinhas medo de acordar e ela não estar lá. Agora vivo esse teu medo todos os dias, quando acordo e tu não estás cá.


Depressa te tornaste irmã da Zuka, e deste o teu melhor para conquistar a Lili... estiveste quase. Passaste connosco um ano e meio que pareceu durar muito menos que isso. Deste-nos muitas alegrias, foste um pé de vida cá em casa, e quando nos deixaste a casa pareceu ficar vazia. Eras tu que andavas sempre atrás de nós a pedinchar qualquer coisa, ou a roubar coisas para brincar.


Tenho o teu retrato na parede, acima da cabeceira da cama, e não deixo que passe uma noite sem que olhe para ele, me lembre de ti, e te dê um beijo de boa noite. Beijar vidro não é como beijar a tua cara fofinha e peluda, mas eu tento lembrar-me da sensação e quase sinto de novo os teus pêlos nos meus lábios.

Foi tudo tão de repente... eu vinha do ISEL, de um teste que acabou tarde, às 21:30h, e quando ia a caminho de casa informaram-me de que tinhas caído da janela. Não fiquei demasiado preocupada... pensei que tivesses partido uma perna ou algo do género. Quando liguei ao meu pai a perguntar como estavas... custou-me a processar o que ouvi ao telemóvel. "Olha, morreu.". Como se responde a isto? Num momento eu voltava do ISEL satisfeita, o teste tinha-me corrido bem, voltava para casa, para junto das minhas 3 lindas meninas, e de repente descubro que já só tenho duas. A mais novinha, mais cheia de vida, mais curiosa, mais brincalhona, mais saudável... deixou-nos. A notícia foi devastadora, para toda a gente. Ainda nem tinhas dois anos...

Não sobreviveste porque não fomos a tempo. A minha mãe voltava duma caminhada tardia, perto das 22:15, e viu um gatinho preto deitado encostado ao prédio, ao pé das garagens. Foi fazer-lhe uma festinha... e viu que eras tu. Havia sangue. Os meus pais levaram-te imediatamente ao veterinário, mas não duraste nem 5 minutos com oxigénio. Saíste de lá numa caixa. Deves ter ficado na rua a sofrer durante cerca de duas horas... e provavelmente foi isso que te matou... se ao menos tivesses sido descoberta antes...


Chorámos-te, e cada um lidou com a dor como conseguiu. A minha mãe tentou esquecer, o meu pai nem falou do assunto, eu tentei lembrar-me de todas as coisas que fazias. O modo como só bebias água da torneira da cozinha, de como lhe davas turrinhas sempre que querias que a abríssemos para beberes... o modo como vinhas ter connosco quando chamávamos o teu nome... o modo como te encostavas ao frigorífico a miar, a pedir peixe cozido, e, mesmo que não houvesse, tu tinha-lo, porque alguém ia cozê-lo de propósito para ti... o modo como tu eras curiosa... se te fosse mostrado um objecto que nunca tinhas visto, por mais comum que fosse, tu aproximavas-te imediatamente e pegavas-lhe com as duas mãozinhas, a cheirá-lo, para logo a seguir perderes o interesse... o modo como estragavas todos os arranjos de flores artificiais, tirando-lhes partes e brincando com elas pela casa toda... o modo como eu atirava uma bolinha de folha de alumínio ou de papel, e tu ias buscá-la, trazia-la na boca e deixava-la no chão, aos meus pés, para que a atirasse de novo... o modo como falavas com a Lili sempre que passavas por ela... as cócegas que tinhas na barriga... os teus lindos olhos castanhos, que mudavam para verde consoante a luz... o modo como todas as noites, antes de dormir, ias afofar na minha mãe... não falhava, todos os dias tinhas de o fazer, senão não dormias... o modo como pedias para vir para a minha cama, a puxar o topo dos lençóis com a mãozinha, e eu levantava-os e deixava-te entrar... o modo como pedias para ver a rua da janela, e eu ia pôr-te a trela com a ponta presa à mesa, para não ires para o parapeito, e quando te fartavas deitavas-te na mesa à espera que te tirassem a trela... mas nesse dia tinham-te deixado ver a rua sem trela, e tu saíste para o parapeito e ninguém deu conta... Fecharam a janela, pensando que tinhas ido para outra parte da casa, e tu ficaste do lado de fora... O parapeito é estreitinho, não chega a ter 10cm de largura.

Acredito que as coisas acontecem por uma razão, e acho que esta tragédia aconteceu por duas.

A primeira foi ensinar-nos uma lição: proteger aqueles que amamos, para que nenhum mal lhes aconteça.

A segunda... foi salvar a Lili. Zara, se não nos tivesses deixado, não teríamos adoptado a Zita, ela não teria caído da janela e nós não teríamos falado à médica sobre o estado da Lili durante uma das consultas da Zita.

Não tiveste muito tempo de vida, mas cumpriste o teu grande objectivo. Enriqueceste as nossas vidas e os nossos corações, pois apesar de o vazio continuar cá, também temos memórias maravilhosas do tempo que passaste connosco.

Espero que estejas em paz, e acredito que ainda estás junto de nós. Encontrar-nos-emos de novo. Até lá, resta-me recordar-te, até ao fim dos meus dias.

Um grande beijo para ti, de toda a família. Fazes-nos muita falta.




Parabéns Zita!

quarta-feira, 20 de maio de 2009
20 de Maio de 2009. Hoje a minha "Zikitita" faz ano! Sim, "ano". É só um.


O tempo voou desde que este bicho esganiçado nos apareceu em casa, com um feitio de extremos e apenas um mesinho de idade, traquina como nunca tínhamos visto. Ela cresceu muito, ganhou peso e experiência, mas não perdeu a vontade de brincar nem a "veia artística". Continua a partir vasos, e a tirar a areia do areão só mesmo para se divertir, continua a correr pela casa fora tão depressa que até derrapa nas curvas, em acessos de energia que até sente necessidade de verbalizar, e então anda por aí aos berros enquanto corre. Pelo menos já não trepa pelas cortinas acima. Acho que ficou demasiado pesada para isso, e ainda bem, senão já só tínhamos os farrapos das cortinas.

Como foi um dia especial, a prenda dela foi uma saqueta de comida húmida para gato, que ela tanto gosta. Pena que não foi da marca preferida dela, mas algumas pessoas cá de casa andam armadas em forretas. Enfim, teve de servir. Ela não pareceu queixar-se demasiado.

Ficam aqui algumas fotos que tirei ao longo do crescimento dela, bem como o primeiro vídeo só dela, de quando veio cá para casa com um mês de idade.




Cliquem nas fotos para aumentar, se quiserem vê-las com mais pormenor.




E é isto. Espero que tenham gostado das fotos. E mais uma vez, parabéns "Kitita"! ;D

Direitos dos Animais

quinta-feira, 23 de abril de 2009
Hoje à noite, na sic, o debate do Aqui e Agora visa os direitos dos animais.
Já dei o meu contributo, enviando ontem à noite um e-mail para o endereço fornecido no site (aquieagora@sic.pt), e já votei na página do debate na sic ( http://sic.aeiou.pt/online/noticias/programas/aquieagora/Artigos/Direitos+dos+Animais.htm ). Não consegui deixar um comentário porque, como os que costumam ler o blog já devem ter reparado, não consigo conter-me o suficiente para expressar a minha indignação por poucas palavras, e os comentários estão limitados a 500 caracteres. 
Sugiro a todos os interessados que deixem também o vosso contributo enquanto é tempo, pois, no site, a votação não está a favor dos nossos amigos animais. O que perguntam às pessoas é se estão de acordo com a proibição das touradas em Viana do Castelo, e o "Não" está a ganhar. Toca a votar no "Sim", pessoal! E, se quiserem, deixem também um comentário. Infelizmente ainda há muita gente com mentalidades antigas, e temos de fazer força para que os animais tenham os seus direitos, pelo menos no nosso país. Vou postar aqui o mail que enviei para a sic, que, apesar de ligeiramente longo, tive de resumir e deixei algumas ideias de lado, e espero os vossos comentários nesta matéria.
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Soraia Costa to aquieagora 
 show details 10:03 PM (14 hours ago) Reply  


Boa noite.

Venho por este meio exercer o meu direito de manifestar opinião no que diz respeito ao assunto do vosso próximo debate, que visa os direitos dos animais.

Pessoalmente, sou contra TUDO o que encoraje os maus tratos a qualquer tipo de animal, especialmente contra certos hábitos que a nossa sociedade adquiriu ao longo das gerações.

Touradas, lutas de cães, caça como desporto, tudo isto é por mim considerado como a mais pura e simples barbaridade e desrespeito para com os nossos amigos, os animais. Falo, eu própria, como "mãe" de quatro lindas gatinhas e amante dos animais desde tenra idade.

Quanto às touradas, gostaria de saber como é possível que as pessoas se deleitem com o sofrimento do touro na luta injusta que é a tourada (sim, luta injusta, porque, ao fim e ao cabo, é touro contra toureiro, e o toureiro vai para lá com ferros e a cavalo, ao passo que o touro vai sozinho e sem os chifres afiados). Não são considerados sentimentos humanos a compaixão e o amor pela vida? Não conheço qualquer religião que não ensine isto, e devia estar mais que enterrado nos valores e nos bons costumes das pessoas de bem que devemos respeitar todas as criaturas. Então, como é possível renunciar a tudo isso e achar divertido o sofrimento do touro? Acham que aquilo é um espectáculo, como se fosse um concerto ou um jogo de futebol. Não está certo.

As lutas de cães são igualmente macabras, tanto para os cães, que lutam até à morte para agradar aos seus donos, e são tratados como objectos nas mãos deles, criados e ensinados para obedecer apenas a eles e atacar quando eles disserem, tanto para os pobres pequenos animais que são usados como isco para os atiçar. Não está certo.

A caça como desporto é totalmente descabida na época que vivemos, porque é mais caro comprar e manter equipamento de caça do que ir comprar carne ao supermercado. Isto significa que quem caça são somente as pessoas que sentem prazer de matar. Não está certo.

Ainda há pessoas cruéis, que lá por não gostarem de animais se divertem a fazê-los sofrer. Lá porque o gatinho do vizinho invadiu o nosso quintal não quer dizer que seja o nosso direito envenenar o pobre bichano. Não está certo.

Quem tem animais de estimação, normalmente considera-os membros da família, e são, realmente, membros da família. Dedicamos-lhes muito amor e carinho, que é todo retribuído, às vezes até em dobro, e, no entanto, neste país o estado não reconhece o estatuto e a importância que os animais, cada vez mais, têm nas nossas vidas. Todos os cuidados veterinários são pagos, por inteiro, pelo dono do animal, ao contrário do que acontece para os cuidados médicos dos humanos. O mesmo se diz quanto aos seus medicamentos. São despesas que não entram no IRS, e que toda a gente que tem animais e gosta deles tem de fazer sair da carteira, para manter esses membros da família saudáveis. Não está certo.

Acho bárbaro, também, o uso de peles de animais não comestíveis em grande escala, para fazer roupa e acessórios de moda. Não se usam peles humanas para fazer um casaco, pois não? Então que direito temos nós de fazer um casaco de pele de leopardo, por exemplo? Que se usem peles de vacas ou coelhos, não tenho nada contra, porque, já que os comemos, não há nada de errado em aproveitar as peles. Ainda por cima, os métodos usados para matar esses animais só por causa da pele são terríveis, pois visam não danificar "a mercadoria". Normalmente, pelo que ouvi, e vi imagens, são usadas barras de metal que se inserem no ânus do animal, e assim os animais são electrocutados até à morte e a pele fica intacta. Não está certo.

Como nota final, acho que os animais são extremamente mal tratados nos matadouros. Compreendo que estejam em causa factores financeiros e que seja caro providenciar melhores instalações, mas mesmo assim acho cruel que os animais que servem para um propósito tão específico, e tão necessário, sejam tratados como se não passassem de mercadoria, tanto nos matadouros como no transporte para os mesmos. Já se sabem de casos em que galinhas, vacas e outro tipo de animais vão tão atulhados nos camiões de transporte que é normal que muitos cheguem com patas partidas ou até sem vida ao seu destino. Não está certo.

Sinto que ficou muita coisa por dizer, mas o mail já vai longo e não quero que o descartem por "preguiça". Despeço-me, assim, e fazendo votos para que o debate seja positivo e sirva para sensibilizar as mentes mais retrógradas das pessoas que não vêem os animais como seres vivos, seres vivos esses que merecem todo o respeito que dedicamos às pessoas e que, consequentemente, merecem melhores direitos. 

Cumprimentos,

Soraia Costa, Vale da Amoreira
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Fico, então, à espera dos vossos comentários sobre este tema, e espero sinceramente começar a ver mudança neste país de tradições cruéis e mentes macabras e retrógradas. 

A falar é que nos entendemos

terça-feira, 17 de março de 2009
Hoje em dia, dominar uma segunda língua é quase tão importante como dominar a língua materna. Isto, penso eu, é um facto adquirido.

Primeiro ponto:

Antes de querer aprender uma segunda língua, há que dominar a primeira! Meus amigos, eu já não sei como ainda fico admirada com a quantidade de pontapés na gramática que oiço e leio todos os dias. Os mais comuns são, por exemplo, o "devias de", o acrescento do "s" na conjugação de verbos no pretérito perfeito da segunda pessoa ("tu ouvistes", "tu fizestes", ...) quando estes estariam correctos na 5ª pessoa ("vós ouvistes", "vós fizestes", ...), "há-des" em vez de "hás-de", entre outros que são próprios de imigrantes cá em Portugal e que não sei se podem ser ouvidos noutro sítio que não seja aqui, na zona onde moro, erros esses que ainda são mais ultrajantes que os anteriores ("eu vi-lhe" em vez de "eu vi-o", "à minha trás" em vez de "atrás de mim", etc).

Além destes que podem ser detectados oralmente, existem outros, escritos, que demonstram o quão pouco instruídas as pessoas são, no que diz respeito à nossa língua. Exemplos desses erros são o não saber distinguir quando se escreve "há", "á" ou "à", o não saber como colocar o hífen (o "tracinho") nos verbos quando a estes estão adjacentes os pronomes pessoais átonos ("me", "lhe", "te", ...). Já vi verbos escritos no pretérito perfeito (o "passado") com hífen onde este não devia existir. Por exemplo "acabas-te" em vez de "acabaste". O primeiro está no presente e o "-te" é um pronome pessoal átono, lê-se "acÁbas-te" e sugere "alguém que se acaba a si próprio". Como é que escreveriam o pretérito perfeito do verbo mantendo este erro? Teria de ser com dois hífens. "Acabas-te-te". Ora, meus senhores, tal coisa não se faz. O segundo está no pretérito perfeito, lê-se "acabÁste" e sugere que alguém acabou alguma coisa, mais concretamente, "tu acabaste alguma coisa".

Erros destes e de outros tipos são o que hoje em dia se vê bastante por aí, e não devia. Eu culpo as escolas, porque não existe um grau de exigência suficientemente elevado. Um aluno mal sabe escrever duas frases seguidas sem dar um erro e mesmo assim é passado a Língua Portuguesa. Deviam ser mais exigentes, deviam chumbar quem dá erros destes quando devia estar a um nível muito superior. Na primária, tudo bem que seja admissível, os miúdos ainda estão a aprender, mas daí para a frente acho um disparate fechar os olhos a coisas assim. Outra coisa que não se faz o suficiente em Portugal é a promoção do gosto pela leitura. Querem pôr os alunos a ler livros clássicos na escola e não há estímulos, quer na escola, quer em casa, quer em qualquer outro sítio que a maioria dos miúdos frequente, que promovam a leitura por auto-recriação. Em vez de ler, os miúdos e os graúdos passam cada vez mais tempo em frente à televisão ou à consola de jogos, e os programas que vêem, frequentemente, não são minimamente educativos. Não fazem nada que lhes puxe pela cabeça, e por isso são cada vez piores na escola. Até parece que, cada vez mais, ter más notas e não se importar com isso é símbolo de estatuto nas escolas. "Ena, aquele gajo é um g'anda baldas, 'tá-se a c*gar p'rá escola. É 'memo' fixe!". Esta atitude está a transformar as escolas em "fábricas de vândalos", porque jovens assim não encontram futuros promissores e, por isso, muitas vezes decidem que a única alternativa é virarem-se para o crime.

Até há bem pouco tempo, eu própria também não nutria um gosto pela leitura, via (e ainda vejo) muita televisão, passo muitas horas ao computador e de vez em quando sirvo-me da minha PS2, mas a diferença, acho, é que eu interesso-me por variadíssimos temas e uso a televisão e a internet como fontes principais para me instruir sobre eles. Vejo imensos documentários sobre Astronomia, Medicina, Ciência e Tecnologia, Arqueologia, Geologia, entre outros. Sempre tive diversas áreas de interesse e acho que isso é que me salvou de me tornar um mero espelho dos reality shows e dos videoclips da actualidade.

Nunca tive paciência para a leitura, e tudo o que lia era sempre por causa da escola. Obrigaram-me a ler Os Maias (acho que só li até ao capítulo 9... coisa mais enfadonha!!) e A Aparição, assim como os livros de História até ao 9º ano (até dei pulos de alegria quando me livrei daquela maldita disciplina). Quando tinha de estudar História, a minha maior dificuldade era mesmo manter-me acordada a seguir aos primeiros parágrafos que lia. Entendo que para poder entender o presente e antecipar o futuro há que compreender o passado, mas bolas, podiam dar alguma História que não fosse datas e reis, algo com mais interesse, ou então dar a disciplina de maneira diferente, mais estimulante, porque aquilo para mim era um martírio.

Mas um dia decidi que queria ler. Algures no ensino básico tinham-me mandado ler um excerto do livro Odisseia, de Homero. Li o que dizia respeito à história de Ulisses, de maneira resumida. E o que é certo é que li, reli e voltei a reler por mais de uma vez, porque me agradava. Por isso quis comprar um livro com uma história que eu achasse que iria gostar. E foi assim que comprei o meu primeiro livro de fantasia/ficção, e devorei-o. Não me vou pôr aqui a recomendar livros (pelo menos por enquanto... tenciono postar alguns comentários acerca do que tenho lido), mas o que é certo é que comecei a gostar tanto de ler que às vezes até dou por mim, com um livro aberto, a admirar a beleza das letras e da forma como se unem umas às outras! Afinal eu tinha gosto pela leitura, só precisava de o descobrir. A partir daí não tenho parado de ler, e já me passaram pelos olhos muitos milhares de páginas.

Esta conversa toda foi para dizer que, para promover o gosto pela leitura e assim fazer com que os jovens dominem melhor a nossa língua, não se pode esperar que eles leiam com gosto os livros que são obrigatórios no ensino actual. Escolham autores actuais, portugueses, e seleccionem um livro de diferentes temas (um romance, um policial, etc). E nos testes fazem-se perguntas sobre todos os livros opcionais, mas o aluno só responde às perguntas relativas ao livro que leu. Assim promovia-se o gosto pela leitura, os jovens saíam da escola com bons hábitos de escrita e um maior domínio da língua portuguesa e todos ficavam felizes!

Segundo ponto:

A grande maioria das pessoas escolhe o inglês como segunda língua, aquela em que mais investe, a seguir à língua materna.

O que eu acho que está errado no ensino do inglês é a facilidade com que se passam os alunos e a negligência que existe quanto à correcta pronúncia das palavras. No ensino básico, tive só inglês do 5º ao 9º, e a partir do 5º poucas foram as coisas novas que aprendi, porque a grande maioria dos meus colegas não sabia, nem se ralava, com o que tinha aprendido ao nível mais básico. Daí que, em todos os anos lectivos, se estivesse sempre a repetir a mesma coisa. Era como se, do 5º ao 9º ano, os alunos nunca tivessem visto inglês à frente. Uma coisa impressionante.

Como não podia esperar que me ensinassem algo novo nas aulas, e como sempre adorei inglês, fui aprendendo sozinha, quer à custa da televisão, quer à custa de jogos, quer à custa de música. E penso que a minha aprendizagem foi bem mais completa do que a que se dá nas escolas, porque eu dei-me ao trabalho de prestar atenção a tudo. Às palavras que se diziam (se não as conhecia ia ver ao dicionário, contribuindo assim para alargar o meu vocabulário), à maneira como se conjugavam e, muitíssimo importante, à forma como se pronunciava cada palavra.

Meus amigos, não me venham com histórias, o que é certo é que a pronúncia é tão importante como o vocabulário, porque nós, no dia a dia, comunicamos, principalmente, falando. Sempre comunicámos através de sons, sons esses que se converteram em linguagens muito antes de existirem formas de escrita! E se ainda não se convenceram de que a pronúncia é tão ou mais importante que o vocabulário, digam-me porque é que os jornalistas se incomodam a pôr legendas quando se fazem entrevistas a pessoas naturais dos Açores ou da Madeira. Afinal de contas, aquelas pessoas estão a falar português. Para quê usar legendas? Porque, como a pronúncia é tão diferente, nós, cá em Portugal Continental, temos uma grande dificuldade em compreendê-la.

Então, para quê aprender inglês sem ligar à pronúncia, se quando o formos a pôr em prática ninguém entender o que dizemos?

A pronúncia é muitíssimo importante e, infelizmente, é menosprezada, e por isso é que eu chego ao limite dos nervos todos os dias, quando estou nas aulas, no ISEL, e não há um único engenheiro que consiga empregar os termos técnicos da disciplina que lecciona sem tropeçar no inglês. Eu já ouvi "dévlópment" em vez de "development" (lê-se "devélopment"), "garbeige" em vez de "garbage" (lê-se "gárbage"), "manégement" em vez de "management" (lê-se "ménagement"), "paramiter" em vez de "parameter" (lê-se "parémeter"), entre muitos outros que me fazem querer saltar da cadeira e desatar ao estalo ao engenheiro que estiver a mandar aquelas bacoradas. Controlo-me, claro está, mas acreditem que fico com os nervos em franja.

As aulas de inglês deviam dar mais ênfase à componente oral, deviam fazer testes mais sérios para a avaliação dos alunos no que diz respeito à pronúncia em vez de se concentrarem apenas no vocabulário e na gramática. Afinal de contas, o inglês cada vez é mais necessário, por ser uma língua altamente globalizada, e se, nos requisitos para um posto de trabalho, pedem que a pessoa que se candidata à vaga saiba inglês, é porque, certamente, será preciso falar inglês com pessoas que não entenderiam português. De que serviria saber de cor um dicionário inteiro de inglês, se a pessoa com quem estamos a falar não entende patavina do que dizemos, porque temos uma pronúncia negligente?

Peço desculpa pelo post longo, mas esta era uma frustração antiga que queria sair há muito tempo, e também já lá vão alguns dias desde o meu último post. Tenho pena, porque sei que este post não deve chegar aos ecrãs de muita gente, e penso que o ensino português beneficiaria das sugestões aqui presentes.

Lili - Parte III

terça-feira, 3 de março de 2009
Hoje a Lili veio para casa.

Fomos buscá-la ao veterinário às 20h, portanto ainda teve um tempo de internamento razoável. Lá chamaram-lhe fera, porque ela só é simpática para quem conhece. Pelo que a doutora disse, não foi muito fácil tirá-la da jaula para a pôr na transportadora para vir para casa.

Já comeu qualquer coisa durante o dia e já fez muito chichi, foi o que nos disseram. Marcaram-lhe consulta para Domingo, às 11h, para mudar o penso ... Provavelmente vai ter de tomar um calmante, senão não fazem nada dela. Não conseguem fazer com que ela use o funil, por isso tem de andar com casaco, para não se lamber.

Supostamente, ela devia estar em repouso cá em casa... mas quem é que pára esta mulher? Qual quê, parecia um gatinho bebé a conhecer a casa nova. Percorreu todos os cantinhos a ver se o reino dela estava tal como ela o tinha deixado, e não descansou enquanto não confirmou que estava tudo em ordem.

Quis logo saltar para a mesa da cozinha, e da mesa para o balcão. Tivémos de intervir, senão o mais provável era que rebentasse uns quantos pontos. Mas ninguém faz aquela gatinha mudar de ideias, por isso a solução foi pôr uma cadeira entre a mesa e o balcão, para que, ao menos, os saltos sejam reduzidos. Ela só gosta de beber água no balcão, são raras as ocasiões em que a bebe da tigela que está no chão.

Já subiu as escadas para o meu quarto e já saltou para a minha cama... Esta gatinha não conhece o significado da palavra "repouso". Mas como é que se restringe um gato? Não a podemos prender com uma trela à perna da mesa da cozinha... É suposto ela ficar confortável. Portanto teremos de deixar que ela decida o que é melhor para ela, pelo menos nas questões que estão fora do nosso controlo.

Ainda não quis molestar a menina com fotos, e por isso é que este post fica só com texto, mas assim que ela estiver mais calma tiro-lhe umas quantas. Se possível, também tiro ao penso, para verem a extensão daquela coisa, e a gravidade da cirurgia a que ela teve de se sujeitar.

É uma velhota valente, a minha menina, e estou muito contente por ela ter voltado para casa.

Coisas que Acontecem

segunda-feira, 2 de março de 2009


Provavelmente, estão a perguntar-se porque raio é que a nossa Zita tem uma bota nova. Meus caros, não permaneçam na ignorância, pois eu estou aqui para vos esclarecer.

Ora então a nossa menina cai da janela e sai com dois ou três arranhões, e não é que aproximadamente uma semana mais tarde, em casa, na brincadeira, parte um osso do pé?

Contado ninguém acredita... mas quem não vive com ela vai ter de acreditar, pois não há outra forma de o saber.

A coisa passou-se da seguinte forma:

Ontem, Domingo dia 1 de Março de 2009, estava eu na brincadeira com as minhas duas filhas mais novas, a atirar-lhes uma bolinha de papel para elas correrem pela casa toda, quando a Zita, num início de corrida no quarto do meu pai, quer saltar para cima da cama, mas a partir da parte traseira, onde tem a tábua dos pés da cama.

Não sei como é que ela fez, mas deve ter batido com o pézito esquerdo na tábua, porque ela foi logo para o chão, aos berros e sem pôr a patita no chão. Não deixava que nos aproximássemos dela, por isso tivemos de manter distância enquanto a menina ia ao pé-coxinho para a varanda e se refugiava na casinha que temos lá para elas. Estava toda a tremer, e berrava de cada vez que se mexia.

Aguardámos cerca de uma hora para ver se a dor passava, porque podia ter sido só uma batida muito dolorosa mas sem consequências graves, mas, infelizmente, a dor não passou, o pézinho começou a inchar e ela continuava sem o pôr no chão.

Levámo-la, então, ao veterinário, até porque nós andamos numa maré de "sorte" neste fim de Fevereiro/início de Março, que tem sido só despesas com as gatitas. A Zuka é a única que ainda não se estreou, e esperemos que assim continue.


Ora então, chegando lá, fomos atendidos em pouco tempo, e a médica levou a menina para tirar um RX. Acontece que a Zita partiu um osso do pé, do género fininho que faz a ligação aos dedos, chamado metatarso. No fundo até teve alguma sorte, porque este até é dos ossos melhores de se partir (isto é, que se curam mais facilmente). Como o que ela partiu foi um dos do meio, os outros ao lado já lhe dão algum suporte, e não precisa de usar gesso. Em vez disso fizeram-lhe aquela bota com algodão e ligaduras... E a menina bem se queixou a fazer o penso. Tentou mandar a unha à médica umas duas vezes, mas num instante ficou tratada. Trouxe anti-inflamatório para cinco dias, e tem consulta marcada para sexta-feira, às 10h.



Enfim, são coisas que acontecem, pequenos acidentes, mas que, no fim, nos custam para cima de 60€, mais o que se paga pelas pequenas coisas que se fazem no seguimento do tratamento. O que importa é que a menina está relativamente bem, e daqui por duas ou três semanas vai poder tirar o penso. Presentemente, é tratada com todas as mordomias, para que não tenha de se esforçar demasiado. Caminha feita onde ela quer, com comidinha ao lado e, se a menina tem frio, tapamo-la e aconchegamo-la convenientemente, para ela lá ficar a dormir, como um anjinho.

Lili - Parte II

Hoje a Lili foi operada.

Levei-a ao veterinário às 10h, como tinha ficado combinado, e ela, como é costume, chorou durante toda a viagem, e quando lá chegou quis sair da caixa. Estive com ela ao colo, e ela ficou sempre muito atenta a olhar em volta, a ver tudo. Tive de a meter na transportadora de novo, para assinar os papéis da cirurgia (anestesia e orçamento), e foi então que a recepcionista me disse para lhe dar os últimos beijinhos, porque já a iam levar lá para dentro.

Peguei de novo na minha menina e, como se ela soubesse o que se ia passar, perdeu a curiosidade anterior e ficou quietinha no meu colo enquanto eu lhe beijava a cabeça e lhe fazia festinhas. Foi-me impossível conter as lágrimas, mas tive de entregar a minha menina à doutora que a levou para dentro. Vi-a pela última vez, de relance, nos braços da médica enquanto a porta do consultório se fechava. Paguei e fui-me embora.

Já em casa, esperava ansiosamente pela hora em que o médico com quem acertei os pormenores da cirurgia me tinha dito que deveria ligar, mas o tempo parecia teimar em atrasar-se. A hora chegou e passou, e nada. O telemóvel continuava inanimado. Uma hora depois, ligámos para o veterinário, para perguntar se estava tudo bem, e disseram-nos que a cirurgia estava a decorrer. Esperámos.

Finalmente, há apenas alguns minutos atrás, o telemóvel tocou. Receosa, atendi... Mas os meus receios depressa morreram, pois o médico só tinha boas notícias para me dar. Correu tudo bem, conseguiram retirar todo o tumor, incluindo a tal outra bolinha que ela tinha, que durante anos não passara de uma bolinha de gordura mas que, agora, já estava a ficar tumoral. Tinha uma grande infecção uterina, o que complicou a cirurgia, mas conseguiram esterilizá-la com sucesso e controlar a situação.

Minha querida menina... Mesmo tonta da anestesia, debateu-se e recusou usar o funil. Provavelmente, a solução vai ser mesmo vestir-lhe o casaco.

E pronto, estou muito mais descansada! A minha menina está bem. Não sei quando vai ter alta, mas é hoje ou amanhã. Tudo vai depender do bem-estar dela. Se ela aceitar bem a comida e fizer as necessidades como deve ser, é provável que venha para casa já hoje. Tudo vai depender dela. O que é certo é que, se ela estiver bem, é muito melhor para ela que a sua recuperação seja feita num ambiente familiar, e não na jaula de um hospital veterinário, por muito boas que sejam as suas instalações. Logo veremos.

Por agora, resta-me aproveitar a sensação de alívio que este telefonema me trouxe, e antecipar o momento em que terei, de novo, a minha companheira de infância nos braços, com a promessa de saúde vindoura, esperemos que por mais alguns anos.

Lili - Parte I

sábado, 28 de fevereiro de 2009
Lili.

Connosco há mais de 15 anos, esta gatinha é amiga, inteligente, meiga e pachorrenta, sem deixar de ter personalidade (não se pode obrigar esta menina a fazer nada que não queira, porque ela não se priva de usar as garras se preciso for).

Em Novembro de 2003 apareceu-lhe uma bolinha na barriga. Reparámos nela quando era ainda mais pequena que uma ervilha. Cresceu lentamente, e em Novembro de 2004 estava ligeiramente maior, mas não tinha pêlo e a pele estava com tons arroxeados. Levámo-la ao veterinário, e a médica não nos deu esperanças nenhumas. Disse que não estava com bom aspecto, e que se fosse um tumor não a operavam por causa da idade dela. Na altura tinha 11 anos. Receitou-nos uma pomada para tratar a irritação da pele, que se devia, provavelmente, ao facto de aquilo lhe fazer impressão e ela estar sempre a lamber-se.
Com a continuação da aplicação dessa pomada a pele melhorou, e a bolinha pouco mais cresceu. Mexia-se bem na pele e tudo, portanto chegámos à conclusão que não se tratava de um tumor.

Já no ano passado, a história foi diferente. Encontrei outra bolinha no lado oposto da barriguinha dela, ao mesmo nível da outra, em cima, ao pé dos sovacos. Era pequenina também, quase não se via. Mas numa questão de meses ficou do tamanho de uma ameixa. Não a levámos ao veterinário. Afinal, de que nos serviria? Se com 11 anos não a operavam por causa da idade, iriam operar com 14/15? Não. Nem valia a pena fazer a gatinha passar pelo stress da viagem de carro até ao veterinário, dado que ela tem pavor da rua, faz chichi mal entra na transportadora e vai a chorar o caminho todo.

No início de Dezembro de 2008 reparámos que, onde ela se deitava, ficava molhado. Ao dormir com a Lili, a minha mãe reparou que a bolinha dela tinha ficado com metade do tamanho. Aquela coisa estava a deitar pus. Fiquei felicíssima. "Afinal era um quisto, e agora abriu e vai esvaziar. Ela vai ficar bem." dizia eu. Mas, ao contrário do que eu pensava, aquilo não esvaziou. Deitava montes de pus todos os dias, e até parecia crescer. Decidimos pôr-lhe um penso de gaze, com uma ligadura a dar voltas às costinhas dela, e vestir-lhe um casaquinho de lã feito à medida pela minha mãe, para ela não lamber aquela porcaria, porque a menina andava a perder o apetite e estava a emagrecer.

Assim que deixou de lamber aquele pus, começou de novo a comer e recuperou algum peso. Mas aquela coisa crescia de dia para dia e, quando a minha mãe a apalpava, dizia que era duro, que era carne e não um saco de pus. Ela aconselhou-se com uma colega de atletismo dela, que é veterinária, e perguntou-lhe se os tumores deitam pus. A colega dela disse que sim, e a minha mãe perguntou, então, se valia a pena operar a gatinha. A mulher disse que, com a idade dela, a esperança de vida era nula. Tanto podia morrer na operação, como podia durar um ou dois meses e morrer, como podia até durar mais. No fundo, era um risco. Disse que o melhor a fazer era esperar e, quando ela estivesse demasiado fraca para comer ou até andar, dar-lhe uma injecção e acabar com o sofrimento dela.

Pois bem, esperámos. Íamos mudando o penso de 2 em 2 dias, sempre cheio de pus e até sangue, mais tarde. Tentávamos lavar aquela área, mas havia demasiado pêlo empapado em pus, dado que a Lili é de pêlo semi-longo, e ela não nos deixava mexer lá por demasiado tempo. Passou-se o Natal e o Ano Novo, passou-se o Dia de Reis e o mês de Janeiro. Passou-se grande parte de Fevereiro até que... a Zita caiu da janela. Como já tinha contado, levei a Zita ao veterinário e ela ficou lá internada durante a tarde. Fomos buscá-la e a veterinária marcou-lhe uma consulta para a semana seguinte, na terça-feira de carnaval.

Quando levámos a Zita à consulta e constatámos que estava tudo bem com ela, falámos à veterinária sobre a Lili, e o estado em que se encontrava. Ela fazia uma vida normal, e ninguém diria que ela não era saudável se não soubesse do tumor. Perguntámos se valia a pena operá-la, porque a situação estava a tornar-se insuportável... ela cheirava cada vez pior, cada vez saía mais pus e sangue e aquilo crescia de dia para dia. A resposta que recebemos... foi SIM!

Luz ao fundo do túnel, vale a pena operar! Ela disse que um gato da idade dela é mais propício a não aguentar a anestesia, mas que as análises é que dirão se ela pode, ou não, ser operada. A operação de remoção do tumor (e de toda a cadeia mamária daquele lado, para prevenir o aparecimento de outros tumores) custa 200 €. Juntando as análises, aí uns 250 € no total. Mas então lembrámo-nos: A Lili, de vez em quando, deita pus pela vagina... Provavelmente tem infecções nos ovários ou algures no sistema reprodutor, por isso perguntámos, já que ela ia ser anestesiada, se não podiam esterilizá-la também. A médica disse que, assim, já era mais caro, e que não sabia dizer preços. Disse que ia falar com o colega, que é o dono da clínica, e fazer um orçamento, e para ligarmos no dia seguinte para saber em quanto ficava, afinal, tratar da Lili. Fomos embora do hospital veterinário com esperança renovada. Talvez a Lili possa ficar bem.

Ligámos, então, no dia seguinte, e disseram-nos que nos iriam cobrar 450 €, no total, para tratar dela... É muito dinheiro. Eu já estava a ver as coisas mal paradas, quando a minha mãe resolveu passar pelo hospital veterinário enquanto andava a treinar, e falar pessoalmente com o médico (o dono da clínica) e regatear um bocado com ele. Conseguiu baixar o preço para cerca de 380 €, e acordar o pagamento em 3 vezes. Assim, já nos seria possível operar a Lili. Se ela pudesse ser operada, claro.

Mas, antes, era preciso saber se o tumor estava apenas localizado na cadeia mamária, ou se já se tinha espalhado pelo resto do corpo. Era necessário fazer um RX, para verificar se os pulmões estavam limpos porque, se não estivessem, não valeria a pena operá-la. Por isso, ficou marcada uma consulta para quinta-feira, dia 26 de Fevereiro, às 10:30h. Como o meu pai estava de folga nesse dia, ele foi comigo levar a Lili à consulta. Como é costume, ela chorou durante todo o caminho e, mal se viu na rua, fez chichi na transportadora.

Tive de ir com ela ao colo para dentro da sala onde se fazem os RX, porque ela não dá confianças a ninguém que não sejam as donas (nem ao meu pai ela dá confiança suficiente para ele pegar nela ao colo), e tiraram-lhe dois RX, um de cada lado do corpo, e constatou-se que o tumor não estava nos pulmões. Quando a apalpou, o médico viu que o tumor estava parcialmente agarrado, o que não eram boas notícias, porque, normalmente, nestes casos não se consegue remover a totalidade do tumor e ele volta a crescer. Esperemos que consigam remover tudo, porque só uma pequena parte é que está agarrada ao músculo. Como o tumor estava infectado e a deitar pus, e como a Lili não gosta de tomar medicamentos, ele deu-lhe um antibiótico para 14 dias, na veia, e marcou a operação para segunda-feira, dia 2 de Março. Tenho de a levar ao hospital veterinário às 10h e ela tem de ir em jejum, por isso, a partir das 22h de Domingo, não pode comer nada. Pode beber, mas não comer.

Quando ela chegar ao veterinário, na segunda-feira, vão fazer-lhe as análises que dirão se ela está, ou não, apta a suportar uma anestesia geral. Se estiver tudo bem, então a operação deverá começar perto das 12h e acabar pelas 14h/14:30h desse dia. Ficaremos à espera do telefonema para dizer como correu.

Dito isto, e dado que o post já vai bastante longo, só nos resta aguardar, e esperar que corra tudo bem. Por enquanto, aproveitamos o tempo que temos com ela, pois não sabemos se estes dias que nos restam serão os últimos.

Lili, toda a tua família e amigos te desejam toda a sorte do mundo, e as melhoras, para que este seja o começo de uma nova vida, tanto para ti como para nós. Boa sorte, meu amor.



Uma Aventura

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Hoje a nossa querida Zita viveu uma aventura que nenhum animal deveria viver.

Pois é. Por esquecimento, a minha mãe deixou uma janela aberta enquanto foi tirar comida do microondas e nesses segundos a Zita foi espreitar lá para fora... e caiu. Caiu de um terceiro andar, que é na realidade mais um quarto andar que outra coisa, pois o piso nas traseiras do prédio é mais baixo que na parte da frente, por causa das garagens. É o equivalente a um quarto andar.
Que susto que foi! Para ela e para nós. A minha mãe foi logo a correr buscá-la e eu entretanto, estava em pijama, mas num minuto vesti-me, calcei-me e penteei-me e quando a minha mãe voltou a entrar em casa já eu estava de casaco vestido prontíssima para levar a minha menina ao veterinário.
Ela parecia estar bem, mas estava em estado de choque e, além do mais, podia ter lesões internas, por isso peguei no carro e levei-a de imediato às urgências.
A médica apalpou-a toda, tirou-lhe um RX e sondou-lhe a barriguinha para ver se a bexiga estava intacta. Felizmente estava tudo bem, não havia nada fracturado nem órgãos perfurados. Mesmo assim ficou lá durante a tarde em observação, porque no RX via-se uma mancha escura ao pé do diafragma, e eles queriam ter a certeza que o diafragma estava inteiro. Foi com receio que me despedi da minha menina, e pedi para deixar lá a mantinha dela caso ela quisesse mamar. Sim, sou uma mãe que mima muito as filhas, e daí?
À tarde lá me ligaram a dizer que estava tudo bem e que podia ir buscá-la. Lá fui, trouxe a minha bebé, os RX e medicação para as dores, porque a pequenina está toda dorida e custa-lhe até a andar. Felizmente vai ficar bem. Aqui ficam duas fotos dela já em casa, tiradas há meia hora atrás.












Reflexões

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Deus existe? A grande maioria da humanidade acredita que sim. Alguns acreditam que não. Outros não têm opinião formada. Mas o facto é que ninguém sabe. Não existe certeza no que diz respeito a religiões baseadas em Deus, pura e simplesmente porque nada disto pode ser provado.

Desde há muito que a humanidade evolui baseando-se em factos científicos, mas nem sempre foi assim. Antigamente, a religião era a resposta a tudo. O que não se compreendia devia-se a Deus. Acontecem coisas boas? Graças a Deus. Acontecem coisas más? É a vontade de Deus. Infelizmente, ainda muita gente tem este tipo de mentalidade.

Pessoalmente, não acredito em Deus. Tento ver as coisas com objectividade e acredito que existe uma resposta lógica para tudo. Acho que a crença em Deus é uma herança da raça humana que vem de há muitos séculos atrás, que se deve a acontecimentos que as pessoas da altura não tinham forma de entender e que, por isso, atribuíam a entidades sobrenaturais. "Entidades", não "Entidade". De facto, a crença num só Deus é uma prática um tanto moderna, se considerarmos todos os séculos passados em que se conhece a existência da nossa raça.

Não gosto de fanatismos, e por isso não gosto de religiões, porque acho que se Deus realmente existe, quer acreditemos ou não Nele, então basta viver com justiça e bondade, que cairemos nas Suas boas graças. O que importa são os nossos actos, e não quantas orações fazemos ao longo da vida. Acho estúpido que uma pessoa seja pura e simplesmente má, mas que com umas idas ao confessionário e outras tantas orações e arrependimento tudo lhe seja perdoado. Se fazemos coisas más, alguém sofre com isso e, se realmente nos arrependemos, o que temos a fazer não é ir ter com o padre, mas sim dizer o que sentimos à pessoa que ficou prejudicada com os nossos actos e perguntar-lhe o que podemos fazer para nos redimirmos. E agora eu pergunto: É realmente necessário crer em Deus para viver deste modo? Ou basta ter algum senso comum e pensar se o que fazemos aos outros está certo? Não bastará apenas perguntarmos a nós próprios se gostaríamos que nos fizessem o que fazemos aos outros? Desde que comecei a reflectir neste assunto, há alguns anos atrás, que penso desta forma, e nunca fiz mal a ninguém.

Não tenho um lado religioso, mas isso não quer dizer que não tenha um lado espiritual. Existem espíritos? Claro. Que sentido faria o mundo se não existissem? Aliás, já existem provas científicas da sua existência, e ao longo da História são inúmeros os testemunhos de pessoas que dizem ter tido algum tipo de contacto com um espírito.

Eis aquilo em que eu acredito:
Para as pessoas que acreditam em Deus enquanto entidade criadora - Se Deus criou o mundo, então quem criou Deus? Pois é. Normalmente a resposta que recebemos é "Deus sempre existiu". Pois bem, se são capazes de conceber algo que sempre existiu, algo sem início nem fim, então porque é que esse algo tem que ser Deus? Porque não o Universo? Eu acho que não existe início nem fim para nada, e que o Universo sempre existiu. Talvez não como o conhecemos hoje, mas sempre existiu. Como já dizia Lavoisier, "Na Natureza nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma". Acho que esta lei está certa em relação a tudo. Vejamos o próprio ciclo da vida, por exemplo. Um animal morre, o seu corpo decompõe-se e volta à terra - não desaparece! - e serve de alimento a outros animais, e o ciclo continua por aí fora. Quanto ao lado espiritual, acho que cada ser vivo, além do corpo físico, é composto por energia pura, energia essa a que normalmente chamamos Alma. Se pegarmos em dois gémeos verdadeiros, iguaizinhos um ao outro, o seu ADN é idêntico, sempre viveram juntos e por isso tiveram as mesmas experiências de vida, como explicamos que, mesmo desde muito jovens, se mostrem completamente diferentes em termos de personalidade? Onde mais poderia estar a resposta, se não fosse na Alma? A Regressão a Vidas Passadas é um procedimento clínico praticado por psicólogos através da hipnose, e acredito piamente que o que visionamos sob o estado de hipnose tem muita coisa de real. Se a matéria é eterna no ciclo da vida, porque é que a Alma não haveria de o ser? Não acredito em Céu nem Inferno, acredito sim que quando morremos a nossa Alma continua cá, acompanhada das Almas dos seus entes queridos que ainda não renasceram, a olhar pelos entes queridos cujo corpo ainda não morreu, esperando que as Almas desses entes queridos se venham reunir connosco. Por muito disparatado que isto possa parecer à maioria das pessoas, é nisto que eu acredito e, garanto-vos, não estou sozinha.

No fundo, aquilo em que cada um acredita é algo pessoal, que deve ser fruto de reflexão profunda e nunca algo imposto pela família ou pela religião. Não estou a tentar convencer ninguém a adoptar as minhas crenças, mas sim a não aceitar de antemão aquilo que os outros nos querem incutir. Gostaria que cada pessoa olhasse para dentro de si e pensasse no que faz sentido e no que não faz, e assim descobrir aquilo em que acredita. Desculpem lá o longo post, mas este era claramente um assunto que não podia ser discutido em meia dúzia de palavras. Mesmo assim sinto que ficaram coisas por dizer! Mas fico-me por aqui.

Obrigada pela vossa paciência.

Três Meninas

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Como poderia eu não falar delas?
Elas são a minha maior alegria, e o que me dá força e motivação todos os dias para continuar a aturar a vida no ISEL e um dia, se tudo correr bem, vir a dar-lhes uma vida melhor.
Falo claro das minhas três gatinhas: Lili, Zuka e Zita.



Lili


Nasceu a 9 de Agosto de 1993, é arraçada de Bosques da Noruega e é a minha melhor amiga. Esta gatinha tem uma inteligência admirável e uma boa quantidade de personalidade. Viveu 12 anos só connosco e habituou-se assim, por isso quando vieram viver para cá as outras duas meninas ela nunca simpatizou com elas. Tolera-as, e é tudo. Gosta de mousse de chocolate e pão com manteiga, e sabe dar beijinhos! Se chegarmos a nossa cara ao pé da dela e dissermos "dá beijinho" ela lambe-nos. Mas só o faz quando pedimos! Não dá só porque encostamos a cara, é mesmo porque conhece a palavra "beijinho". É uma fofa. Dormir com ela é como dormir com um peluche... Um peluche que entra e sai da cama carradas de vezes durante a noite porque quer ir comer ou à casa de banho, e que depois para voltar a entrar nos dá turras, dentadinhas no cabelo, faz ronrom e mia se tiver de nos acordar. Sempre teve aquilo que quis e faz-se entender muito bem para o conseguir, quer seja um tipo específico de comida, água, ou até mesmo uma cadeira ao pé da janela para apanhar sol.

Zuka

É a menina do meio. Adoptámo-la através do SOS Bicharada, do Barreiro, e desde logo ela se tornou mais um membro da família. Nasceu a 20 de Abril de 2005 e é a gatinha mais meiga que eu alguma vez vi. Não magoa ninguém, e não nos morde nem arranha por muito que estejamos a chateá-la. No máximo, ela ameaça que nos morde, encostando os dentinhos ao nosso nariz, mas sem abocanhar, e refila muito. Não gosta de barulho! Se se fala um pouco mais alto ela salta-nos logo em cima a miar e a agarrar-se ao nosso braço a dar-nos dentadinhas de amor. É de uma elegância extrema, no entanto não tem uma forma orgulhosa de andar, com a cauda a ondular no ar como tantos gatos. Ela caminha com a cauda para baixo, descontraidamente, e quando salta para cima de alguma coisa parece que tem molas nas pernas. Não faz um estrondo a cair numa mesa quando salta para cima dela, como um gato normal. Daí que eu diga que ela é elegante. Adora carne crua! Quando se faz bife cá em casa, antes de ser temperado, cerca de um terço é para ela. Gosta de fiambre, frango e comida húmida para gato, embora esta última só lhe seja disponibilizada a título de petisco, uma vez por semana, ou até menos. Dorme comigo ou com o meu pai e é a companheira de brincadeiras da Zita.

Zita


É a bebé. Também foi adoptada através do SOS Bicharada, e nasceu a 20 de Maio de 2008. É UMA PESTE. Se a Zuka é a gatinha mais meiga que já vi, esta é sem dúvida a mais endiabrada. As asneiras dela incluem trepar cortinas, tirar terra das plantas, partir vasos, desligar fios de antena, estragar arranjos de flores artificiais para brincar com os raminhos que hoje existem nos cantos mais recônditos da casa, arranhar os sofás, puxar os fios da carpete da sala com os dentes, roubar todo e qualquer objecto de dimensões diminutas e escondê-lo para que nunca mais o vejamos, entre outras que tais. Se tivesse que enumerar aqui tudo o que ela já fez desde que cá está, não faria outra coisa durante as próximas semanas. É uma gatinha com um mau feitio extremo, não gosta de colo nem de mimos, e se lhe tocamos na barriga ou num pé sem que ela queira, vira-se a nós com unhas e dentes. Só é meiga quando está no cio. Aí ao menos podemos mexer-lhe à vontade, que ela agradece! Eu cá acho que ela tem é mimos a mais, e prova disso é que ela ainda é muito infantil. Por exemplo, ainda mama. Não na mãe, mas nos pêlos do rebordo de uma mantinha para gatos da Gourmet que temos cá em casa. Aqueles pêlos mais parecem um reservatório de baba felina, e ela pode passar cerca de meia hora todos os dias no colo da minha mãe a mamar na mantinha, a fazer ronrom e a afofar com as mãozinhas como se quisesse de facto que dali saísse leite.


Aqui em casa os animais de estimação são família chegada e têm autorização para andar por todo o lado, conforme lhes apetece. Todas as casas deviam ter um animal de estimação, pois eles são excelentes companheiros e está provado que ajudam bastante a aliviar a tensão arterial dos seus donos. Na sociedade stressante em que vivemos, acho que bem precisamos de toda ajuda que conseguirmos encontrar para aliviar a tensão. Não abandonem os vossos animais, tratem-nos bem e, mais importante que tudo, antes de adoptarem um animal de estimação, pensem bem se é isso que querem fazer e se têm condições para lhe fornecer uma boa qualidade de vida e muita atenção. Se querem adoptar um animal de estimação porque os miúdos querem e estão sempre a pedir, não o façam deliberadamente nem confiem nas crianças para tomar conta dele, porque isso quase de certeza que vai deixar o animal negligenciado. Se porventura não podem continuar a tomar conta de um animal, não o abandonem e evitem deixá-lo num canil, porque o mais certo é o pobre coitado acabar morto, ou porque não sobreviveu na rua ou porque o canil não tem espaço. Procurem alguém que conheçam que queira acolher o animal, ponham anúncios nos jornais ou, se tudo isso falhar, entreguem-no a uma associação, porque elas são normalmente compostas por pessoas dedicadas que se esforçam ao máximo por realojar esses animais. Um animal que está habituado desde pequenino a viver numa casa dificilmente se adaptará na rua, por isso, por favor, não abandonem os vossos animais!

It Begins

E é isto.
Acabei de criar o meu primeiro Blog pessoal, com todas as mariquices. Isto de passar meia hora a escolher templates é giro!... ou talvez não. Essa foi a parte secante.
De qualquer forma, há já algum tempo que queria ter um blog, não para manter como diário (porque acho que os diários são demasiado pessoais para serem postados na net para toda a gente ver... e também porque o único diário que tive está praticamente em branco!...), mas para poder ter algum sítio onde descarregar os meus desabafos, as minhas ideias e o que quer que seja que eu ache importante e queira partilhar com o mundo.
Falarei de tudo um pouco, basicamente do que me vier à cabeça, derramarei aqui parte do meu ser e do que me faz ser eu: ideias, indignações e louvores, bem como peripécias do dia-a-dia que muitas vezes caem no esquecimento mas que um dia mais tarde vale a pena recordar.
Enfim, não espero ter muitos leitores, se tiver um ou dois já devo ter muita sorte, mas de qualquer das formas não faço isto para agradar a ninguém que não seja eu mesma. A quem tiver paciência para aturar os meus posts, o meu muito obrigada.