Lili - Update

terça-feira, 23 de março de 2010
Hoje a Lili foi a uma consulta de rotina ao veterinário.

Depois da grande operação, era preciso monitorizar o estado dela de seis em seis meses, para ver se apareciam mais nódulos na barriguita. Em Setembro de 2009 voltámos lá para tirar um RX e estava tudo bem.

Em Março de 2010 teria de regressar para os mesmos fins. Foi por isso que hoje fui lá com ela. A primeira surpresa foi a conta. Eu esperava gastar trinta e tal euros (consulta + RX), mas a cantiga desta vez foi outra. Fizeram-lhe análises ao sangue (tiveram de a sedar, ela não deixava tirar sangue), além de terem feito o RX.

O RX estava bom, o que é óptimo. Os primeiros doze meses após a cirurgia eram cruciais para ver se apareciam mais nódulos. Mas a operação foi bem feita e não ficou para trás nenhum tecido cancerígeno.

Quanto às análises... a menina já começa a dar sinais de insuficiência renal. O caso dela não é grave, olhando para ela é uma gata linda, nem parece que vai fazer 17 anos em Agosto que vem. Daí que a importância das análises seja tão grande. Graças a este procedimento pudémos ver que já era necessário começar a tomar medicação para melhorar o funcionamento dos rins.

O Dr. Cláudio (o dono da clínica, que é o veterinário da Lili - quando marco consultas tento sempre que seja com ele, porque ele é que a tem seguido desde a cirurgia) explicou-me que a insuficiência renal é a principal causa de morte dos gatos adultos geriátricos, de forma que é muitíssimo importante que se façam análises regulares ao sangue, para que se apanhe esta doença crónica nas suas fases iniciais, podendo assim prolongar a vida (com qualidade) do animal.

Ou seja, mais medicamentos. Mais despesas. Como se não bastasse a conta do veterinário hoje (consulta + RX + dois tipos de análises + sedativos + medicamento = 117 euros e picos), teremos de gastar 25 euros mensais durante pelo menos seis meses, até à próxima consulta, num medicamento específico para os rins chamado Rubenal 75.

Daqui a seis meses serão repetidas as análises ao sangue (não o RX - como já referi, os primeiros 12 meses eram críticos, mas daqui para a frente basta fazer este exame anualmente), e se os niveis de ureia e creatinina baixarem ou se mantiverem estáveis, pode ser que se reduza a dose de Rubenal, e assim este passe a durar o dobro do tempo.

Além disso, temos de pensar em começar a dar-lhe uma dieta específica para poupar os rins. Que, como seria de esperar, é cara. A juntar a isto, temos três gatas. Dar comida diferente a umas e a outras é complicado, a menos que se façam refeições a horas certas - o que, cá em casa, não é o que se passa. Nós deixamos a ração nas tacinhas e vamos enchendo à medida que ela vai desaparecendo - é comer à vontade.

Eventualmente penso que teremos de alterar isto, e assim a Lili poderá beneficiar de uma dieta mais apropriada à sua condição - o que, a médio e longo prazo, funciona até melhor que a medicação. Este tipo de ração, explicou-me o Dr. Cláudio, difere da ração normal nos seus componentes. Além de ter menos proteína (que se sabe não ser a melhor coisa para os rins), a proteína nela existente é hidrolisada, como nas rações hipoalergénicas. Além de conter muito fósforo, entre outros nutrientes, muito benéficos para os rins.

É assim a vida. Tal como os humanos, os nossos amigos de quatro patas envelhecem, e com a terceira idade vêm os problemas de saúde, as doenças crónicas e as toneladas de comprimidos e suplementos diários.

Até temos tido muita sorte. Até ao ano passado, a Lili tem vivido uma vida saudável e sem grandes complicações. O facto de um gato chegar aos 15 anos com uma saúde de ferro é um óptimo sinal. Ela é muito forte, e o doutor disse que, imaginando que os rins dela iriam parar de funcionar daqui a um ou dois anos, a medicação poderia atrasar a sua falha por mais um ano, por exemplo. É difícil definir uma data, mas sabemos que a evolução desta doença costuma ser lenta. A medicação atrasa-a ainda mais, o que, aliado ao facto de a termos apanhado nas fases iniciais, nos dá bem mais tempo com a nossa menina.

Ela está óptima, tem um aspecto jovem e, olhando para ela, ninguém diria que daqui a pouco fará 17 anos.


Então e os nossos vizinhos?

quinta-feira, 4 de março de 2010
Esta semana, não sei precisar o dia, vi um documentário interessantíssimo no canal Odisseia.

Era sobre os avanços da tecnologia, nomeadamente o futuro da mesma, da robótica e, especialmente, da inteligência artificial. Falava-se em fabricar computadores inteligentes, com capacidade de aprender e, eventualmente, tornarem-se mais inteligentes que nós, humanos. Uma inteligência deste tipo seria capaz de tomar as suas próprias decisões, o que, associado à tecnologia e à arte plástica de tornar um ciborgue igual a um ser humano em termos de aparência, punha a questão de as máquinas virem a ter direitos.

Um senhor, não sei o nome, infelizmente não memorizei, tal era a minha indignação para com as suas palavras, até disse que se viria a colocar a hipótese de as máquinas terem direitos semelhantes aos de um ser humano! Máquinas! Ele disse algo do género, "Quando se chegar a uma tal inteligência artificial, não podemos simpelsmente desligar a tomada. Se uma máquina é inteligente o suficiente para nos pedir para não o fazermos, então como poderemos fazê-lo?".

Isto irritou-me profundamente. A sério, como podem pensar em dar às máquinas direitos semelhantes aos de um humano, e desacreditar completamente os nossos vizinhos não-humanos, que desde sempre partilham connosco o planeta (nem sempre da melhor forma, graças à nossa egocêntrica maneira de ser que nos faz simplesmente ocupar um espaço que não era nosso sem sequer pensar duas vezes na quantidade de animais indefesos que vamos desalojar)?

Acho que antes de pensar em dar semelhantes direitos a máquinas, devia fazer-se o mesmo com os animais. Eles não são simplesmente "bichos", e aliás, nunca compreendi bem porque é que eles são "animais" e nós não. Eu refiro-me aos não-humanos como "animais" por simples força do hábito, mas compreendo perfeitamente que os humanos também são animais. São seres orgânicos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, são seres organizados que têm sensibilidade e movimento próprio. Esta história de os animais serem racionais ou irracionais, para mim é uma treta e não passa disso. Não me venham cá dizer que as minhas gatinhas são irracionais, porque qualquer "mãe" como eu sabe que os nossos amiguinhos de quatro patas pensam tão bem ou melhor que os nossos amigos de duas patas, não se baseiam apenas no instinto. Até na linguagem os humanos tentam distanciar-se dos não-humanos, como se fosse degradante considerarem-se na mesma categoria. Pois eu digo que estamos na mesma categoria, e com muito orgulho e nenhuma vergonha.

Daí que eu não ache certo que se pense em dar os direitos de um humano a uma máquina, sem sequer pensar em dá-los primeiro aos não-humanos.

Uma máquina é uma máquina e nunca deixará de o ser, por muito parecida que seja com um ser humano. Não acredito que os humanos e os não-humanos sejam apenas um conjunto de células interligadas, semelhantes a um circuito. Não acredito, como já referi noutro post, que a nossa personalidade e a nossa maneira de ser e de entender o mundo (tanto os humanos como os não-humanos) se resuma ao que existe no nosso cérebro. Acho que é algo que transcende o físico, acredito na Alma, no Espírito, no que lhe quiserem chamar (sem qualquer tipo de religiosidade associada, entenda-se). Uma máquina não tem isso, uma máquina é um conjunto de circuitos. Não tem Alma, logo não é um ser orgânico. É algo criado por mão humana, algo artificial. Por muito que se queira imitar a realidade, mesmo que até à perfeição, não passa de uma cópia.

Uma cópia não merece os direitos do produto original.