Lili - Parte I

sábado, 28 de fevereiro de 2009
Lili.

Connosco há mais de 15 anos, esta gatinha é amiga, inteligente, meiga e pachorrenta, sem deixar de ter personalidade (não se pode obrigar esta menina a fazer nada que não queira, porque ela não se priva de usar as garras se preciso for).

Em Novembro de 2003 apareceu-lhe uma bolinha na barriga. Reparámos nela quando era ainda mais pequena que uma ervilha. Cresceu lentamente, e em Novembro de 2004 estava ligeiramente maior, mas não tinha pêlo e a pele estava com tons arroxeados. Levámo-la ao veterinário, e a médica não nos deu esperanças nenhumas. Disse que não estava com bom aspecto, e que se fosse um tumor não a operavam por causa da idade dela. Na altura tinha 11 anos. Receitou-nos uma pomada para tratar a irritação da pele, que se devia, provavelmente, ao facto de aquilo lhe fazer impressão e ela estar sempre a lamber-se.
Com a continuação da aplicação dessa pomada a pele melhorou, e a bolinha pouco mais cresceu. Mexia-se bem na pele e tudo, portanto chegámos à conclusão que não se tratava de um tumor.

Já no ano passado, a história foi diferente. Encontrei outra bolinha no lado oposto da barriguinha dela, ao mesmo nível da outra, em cima, ao pé dos sovacos. Era pequenina também, quase não se via. Mas numa questão de meses ficou do tamanho de uma ameixa. Não a levámos ao veterinário. Afinal, de que nos serviria? Se com 11 anos não a operavam por causa da idade, iriam operar com 14/15? Não. Nem valia a pena fazer a gatinha passar pelo stress da viagem de carro até ao veterinário, dado que ela tem pavor da rua, faz chichi mal entra na transportadora e vai a chorar o caminho todo.

No início de Dezembro de 2008 reparámos que, onde ela se deitava, ficava molhado. Ao dormir com a Lili, a minha mãe reparou que a bolinha dela tinha ficado com metade do tamanho. Aquela coisa estava a deitar pus. Fiquei felicíssima. "Afinal era um quisto, e agora abriu e vai esvaziar. Ela vai ficar bem." dizia eu. Mas, ao contrário do que eu pensava, aquilo não esvaziou. Deitava montes de pus todos os dias, e até parecia crescer. Decidimos pôr-lhe um penso de gaze, com uma ligadura a dar voltas às costinhas dela, e vestir-lhe um casaquinho de lã feito à medida pela minha mãe, para ela não lamber aquela porcaria, porque a menina andava a perder o apetite e estava a emagrecer.

Assim que deixou de lamber aquele pus, começou de novo a comer e recuperou algum peso. Mas aquela coisa crescia de dia para dia e, quando a minha mãe a apalpava, dizia que era duro, que era carne e não um saco de pus. Ela aconselhou-se com uma colega de atletismo dela, que é veterinária, e perguntou-lhe se os tumores deitam pus. A colega dela disse que sim, e a minha mãe perguntou, então, se valia a pena operar a gatinha. A mulher disse que, com a idade dela, a esperança de vida era nula. Tanto podia morrer na operação, como podia durar um ou dois meses e morrer, como podia até durar mais. No fundo, era um risco. Disse que o melhor a fazer era esperar e, quando ela estivesse demasiado fraca para comer ou até andar, dar-lhe uma injecção e acabar com o sofrimento dela.

Pois bem, esperámos. Íamos mudando o penso de 2 em 2 dias, sempre cheio de pus e até sangue, mais tarde. Tentávamos lavar aquela área, mas havia demasiado pêlo empapado em pus, dado que a Lili é de pêlo semi-longo, e ela não nos deixava mexer lá por demasiado tempo. Passou-se o Natal e o Ano Novo, passou-se o Dia de Reis e o mês de Janeiro. Passou-se grande parte de Fevereiro até que... a Zita caiu da janela. Como já tinha contado, levei a Zita ao veterinário e ela ficou lá internada durante a tarde. Fomos buscá-la e a veterinária marcou-lhe uma consulta para a semana seguinte, na terça-feira de carnaval.

Quando levámos a Zita à consulta e constatámos que estava tudo bem com ela, falámos à veterinária sobre a Lili, e o estado em que se encontrava. Ela fazia uma vida normal, e ninguém diria que ela não era saudável se não soubesse do tumor. Perguntámos se valia a pena operá-la, porque a situação estava a tornar-se insuportável... ela cheirava cada vez pior, cada vez saía mais pus e sangue e aquilo crescia de dia para dia. A resposta que recebemos... foi SIM!

Luz ao fundo do túnel, vale a pena operar! Ela disse que um gato da idade dela é mais propício a não aguentar a anestesia, mas que as análises é que dirão se ela pode, ou não, ser operada. A operação de remoção do tumor (e de toda a cadeia mamária daquele lado, para prevenir o aparecimento de outros tumores) custa 200 €. Juntando as análises, aí uns 250 € no total. Mas então lembrámo-nos: A Lili, de vez em quando, deita pus pela vagina... Provavelmente tem infecções nos ovários ou algures no sistema reprodutor, por isso perguntámos, já que ela ia ser anestesiada, se não podiam esterilizá-la também. A médica disse que, assim, já era mais caro, e que não sabia dizer preços. Disse que ia falar com o colega, que é o dono da clínica, e fazer um orçamento, e para ligarmos no dia seguinte para saber em quanto ficava, afinal, tratar da Lili. Fomos embora do hospital veterinário com esperança renovada. Talvez a Lili possa ficar bem.

Ligámos, então, no dia seguinte, e disseram-nos que nos iriam cobrar 450 €, no total, para tratar dela... É muito dinheiro. Eu já estava a ver as coisas mal paradas, quando a minha mãe resolveu passar pelo hospital veterinário enquanto andava a treinar, e falar pessoalmente com o médico (o dono da clínica) e regatear um bocado com ele. Conseguiu baixar o preço para cerca de 380 €, e acordar o pagamento em 3 vezes. Assim, já nos seria possível operar a Lili. Se ela pudesse ser operada, claro.

Mas, antes, era preciso saber se o tumor estava apenas localizado na cadeia mamária, ou se já se tinha espalhado pelo resto do corpo. Era necessário fazer um RX, para verificar se os pulmões estavam limpos porque, se não estivessem, não valeria a pena operá-la. Por isso, ficou marcada uma consulta para quinta-feira, dia 26 de Fevereiro, às 10:30h. Como o meu pai estava de folga nesse dia, ele foi comigo levar a Lili à consulta. Como é costume, ela chorou durante todo o caminho e, mal se viu na rua, fez chichi na transportadora.

Tive de ir com ela ao colo para dentro da sala onde se fazem os RX, porque ela não dá confianças a ninguém que não sejam as donas (nem ao meu pai ela dá confiança suficiente para ele pegar nela ao colo), e tiraram-lhe dois RX, um de cada lado do corpo, e constatou-se que o tumor não estava nos pulmões. Quando a apalpou, o médico viu que o tumor estava parcialmente agarrado, o que não eram boas notícias, porque, normalmente, nestes casos não se consegue remover a totalidade do tumor e ele volta a crescer. Esperemos que consigam remover tudo, porque só uma pequena parte é que está agarrada ao músculo. Como o tumor estava infectado e a deitar pus, e como a Lili não gosta de tomar medicamentos, ele deu-lhe um antibiótico para 14 dias, na veia, e marcou a operação para segunda-feira, dia 2 de Março. Tenho de a levar ao hospital veterinário às 10h e ela tem de ir em jejum, por isso, a partir das 22h de Domingo, não pode comer nada. Pode beber, mas não comer.

Quando ela chegar ao veterinário, na segunda-feira, vão fazer-lhe as análises que dirão se ela está, ou não, apta a suportar uma anestesia geral. Se estiver tudo bem, então a operação deverá começar perto das 12h e acabar pelas 14h/14:30h desse dia. Ficaremos à espera do telefonema para dizer como correu.

Dito isto, e dado que o post já vai bastante longo, só nos resta aguardar, e esperar que corra tudo bem. Por enquanto, aproveitamos o tempo que temos com ela, pois não sabemos se estes dias que nos restam serão os últimos.

Lili, toda a tua família e amigos te desejam toda a sorte do mundo, e as melhoras, para que este seja o começo de uma nova vida, tanto para ti como para nós. Boa sorte, meu amor.



1 comentários:

  1. Anónimo disse...:

    Boa sorte Lili. Espero que corra tudo pelo melhor. Fico á espera das boas noticias !